sábado, 11 de junho de 2011

Belle de Jour. Luis Buñel. (1967)

Resolvi escrever sobre o filme que vi na noite de ontem: Belle de Jour, dirigido pelo Luis Buñel (ele é demais!) em 1967. Sendo que o diretor nasceu em 1900, pode-se dizer que estava algo experiênte ao dirigir este filme. Mesmo assim, Buñel nunca sai da crítica ferrenha a sociedade. Talvez quando mais velho tenha a feito de forma mais perturbadora, com símbolos fáceis de decifrar.
Vamos ao filme?
O filme começa com uma cena bastante violenta, em que Severine e seu marido estão discutindo em uma carruagem, meio sem rumo, em uma estrada vazia e antiga. Quando o marido resolve tirá-la da carruagem, amarrá-la a uma árvore, tirar sua roupa e bater nela com uma chibata. Após a cena de violência, Severine "é toda sua" (do cara que dirigia a tal carruagem - um velho gordo e bem nojento). A cena acaba com a face de prazer de Severine.
Olha, gente: não sou como metade dos historiadores (não que eu seja uma... haha) que escrevem O FIM do filme nas análises, acho isso uma falta de educação, né... Então resolvi que esta vai ser a única cena descrita, ok? haha...
Bem... esta cena é muito importante, em se tratando de filmografia de Buñel. Nela se encontram medos, o inconsciente, a sexualidade, e juntamente com ela a violência. Para Buñel, sexualidade e violência são coisas importantes para o ser humano, entendendo o contexto mental da coisa. Além disso, existem cenas sobrepostas, indicando os pensamentos da personagens.
Desta forma, os medos de Severine se encontram nesta cena, mas o fime inteiro traz este sentimento ligado a uma certa curiosidade da devassidão. E apartir daí, Buñel não perde o rebolado surrealista que o impulsionou ao cinema em 1928... é evidente que foi influenciado pela nouvelle vague, e pelo cinema novo corrente em todo o mundo.
Assista! :)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Olhar a si mesma?

Olhava para o espelho continuamente, persistentemente, com certa força. Sentia que não pertencia ao seu próprio corpo. Que corpo era aquele? Mas havia um corpo? Havia organismo? Havia algo de humano ali?

Não entendia a sensação... estranha, dolorida...

De alguma maneira espetacularmente sagaz sua mente diminuia como a uma pílula, e logo aumentava preenchendo todos os cantos do quarto.

Olhando para o espelho... dentro dos próprios olhos... quem era aquela? quem é?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A casa dos tesouros.

Existia uma casa. Ela era grande, dessas bem antigas. Logo ao passar pelas taipas, que hoje não tem mais função nas casas modernas, seguíamos por um espaço de pedras, rodeado por grama verde. Entrávamos na casa, um pouco escura, enorme, alta, cheiro de bolo.
"Diga oi pra dona da casa, guria!"
Em um tímido olhar, via aquela senhora, de chinelas, uma longa saia e um avental branco na cintura. - "oi", e como um raio, corre pelos inúmeros quartos, grandes, altivos...
Ahhh, vê uma pessoa na cama, cócegas, cócegas, cócegas! "Vamos brincar!" E agora são dois raios pela casa! A cozinha está quentinha, mas os dois pequenos raios seguem diretamente para o enorme quintal, e ao fundo cenouras, alface, uma laranjeira toda carregada!
Ali estavam os segredos, os tesouros, as confidências todos enterrados... "Shhh! ninguém pode ouvir!" e desenterrados os segredos, tornavam-se piratas, agentes secretos, humoristas, artistas...

E o porão! quanto medo passaram... com todos aqueles salames pendurados, queijos... E as paredes? As enormes pedras! Se ficassem por mais de dois minutos olhando para as paredes, sentiam-se como se elas as engolissem... Então, voltavam os dois raios para o colo das avós!
A vó ficava a conversar com sua comadre, enquanto comiam laranjas, colhidas ali, no momento. Não há uma extrema preocupação com as crianças, para a avó, elas somente imaginam! Mas as abraçam e então, vem o bolo, o café, e o leite bem gordo... hum!
Não poderiam passar muito tempo pela cozinha... Os tesouros poderiam ser descobertos!
Os dois pequenos raios enterram seu tesouro, e lá parte de suas memórias, lembranças...

A casa de várias infâncias virou um prédio, seco, sem grama... sem tesouros.

MAS E OS TESOUROS? FORAM ENCONTRADOS?

Em uma sacola plástica ao chão e à frente da construção, vê-se alguns objetos... Muito antigos.
Paro e olho para eles. Olho para frente, e logo ouço o som dos pássaros, das crianças, das avós. O cheiro de bolo, das flores de laranjeira... os nossos tesouros. Tão raros! Tão raros... Momentos raros!

Nossos tesouros...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Les Vampires!

Sim! Comecei a assistir a série "Les Vampires" de 1915.
Cinema mudo, não colorido.
É interessante romper um pouco com alguns padrões. O cinema mudo necessita de vários outros signos para a comunicação. Além disso o filme traz uma coisa muito interessante: para marcar o momento do dia, mudam a cor da tela; verde é manhã, amarelo é tarde, e azul é noite!
Demais, né?

E la nave va!

Ahh... Fellini!
Essencial para quem gosta de história do cinema.
Bem, o filme "E la nave va" de Frederico Fellini é a história dos eventos ocorridos a bordo de um navio para o funeral de uma rica cantora de ópera. Os integrantes do navio são burgueses e artistas ricos, e o navio conta com o mais luxuoso requinte.
Nele, Fellini quebra a "quarta parede" (assim é chamada no teatro, para que o ator não olhe para o público, e acredito que no cinema ocorra para o ator não olhar para a câmera), seguindo em um tipo de documentário sobre a esquisitice daquela gente!
Há uma ruptura de padrões durante o filme, sendo que começa com a embarcação em 1914, isto é, preto e branco e mudo. Ao desenrolar das cenas o filme vai colorindo e ao final assume um tom surrealista!
FELLINI É O CARA!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Sobre meninos e lobos!

Gastei a madrugada passada a assistir um filme: "Sobre meninos e lobos". A expectativa era grande. Parecia-me um enredo interessante com personagens perturbados... enfim, toda aquela coisa!
Bem, antes de abastecer este post com minha critica é necessário uma decente descrição do tal!
Vamos lá: Três garotos brincam em uma rua, quando são repreendidos por um homem em um carro, que se diz policial. Dave, o mais tímido dos três, obriga-se a entrar no carro. Enfim... Fica quatro dias sequestrado e sendo abusado pelos homens, até conseguir fugir "dos lobos".
Vinte e cinco anos depois a filha de um dos meninos é assassinada! O outro garoto torna-se policial, e é recrutado para investigar o caso.
UM FILME DE HOMENS DURÕES. Nada de sensibilidade! Eles bebem, eles matam, eles mesmo crianças são pessoas retesas, "com peso nos ombros."
As mulheres do filme, ou são "rainhas do lar", fortes e apoiadoras de seu "rei", ou umas baitas cagadonas que tem medo da própria sombra. Enfim. É evidente que Dave (o cara que foi sequestrado quando criança) fica perturbado... e parece que quando se livram dele tudo volta a paz! Bom... eu odiei! Achei que fosse um filme com profundidade. Mas é mais um Hollywoodiano esteriotipado...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A matéria Negra!

- Qual a real forma da liberdade, sua libertina?
- A real forma da liberdade é a matéria negra, seu cretino!
- Quanto a mim... Tenho-a?
- Sim.
- Somos iguais. É isso?
- Sim.
- Absurdamente iguais, Ligia!
- Sim, Paulo... Mas não me toque!

Pobres cobras...

As cobras sempre foram símbolo de traição, degeneração, promiscuidade... enfim, vários adjetivos!
Mas pobres cobras... Afinal conheço tanta gente peçonhenta, que preferia me relacionar com animais.

Fingir, enganar, mandar dizer... to cagando!

Podemos chamar os animais mais "perigosos" de pessoas?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Nada me convence. Tudo desfalece.

Em quantas circunstancias quisera morrer? E matar? Mas sem acordar.
Meus filhos são uma úlcera e uma arma. Entre eles: a raiva.

Sem dor, sem pena, sem moral, sem ajuda, sem rumo. Quem ronca... dorme... descansa... destrói.

Queria dizer. Mas sozinha? Como dizer? A parte fria da solidão.

Eu o aguento, arqueando minhas costas, pois pesa. Mas o levo... em meus pinos... estrutura para carregar. Pesa.

Quem sabe correr agora? Quem sabe voar? Quem sabe ouvir?

Meu carnaval está nos livros. O sol nas flores de plástico. A raiva na garganta.

Meu corpo é pequeno.

Não me suporto em meu corpo. Não há mais espaço dentro dele...
Não há graça em viver para morrer. Qual a diferença disso para "trabalhar para viver"? Isso é triste.

O distante... há mais dentro de mim, que quer expandir, explodir.

O horizonte... Na vertical não notarão, são pequenos para os que expandem... os grandes.

A liberdade... Uma palavra. Um clichê. Título? Ponto? Contas? Números? Compras? Rua sem saída, para alguns... Rua infinita, com mil ruas paralelas, milhares de viajantes e andarilhos...

Minha alma quer ir, seguir essa rua infinita, com pés descalsos, esquecer os sapatos... ela quer ir, dançar, flutuar... e ela vai. Sem sonhos. Eles nos prendem, queria fogo, uma fogueira... e nela queimar meus sonhos, assassiná-los, estar livre deles...

Medíocre, mesquinho, formal, moral, fresco, individual, grosseiro. Palavras, também palavras. mas estas me fazem ter vontade de não levantar ao amanhecer. Mas acordo. Isso não faz efeito. Mais uma no mundo. E me vou. E me vou...