domingo, 20 de junho de 2010

Aceitar-se é difícil?

Tenho uma amiga de infância, crescemos juntas e até a adolescencia passamos parte do tempo de nossos dias juntas. Ela era minha vizinha, e quando tinha cerca de 17 anos mudou-se para outro bairro. Desta forma, víamos menos vezes, mas não perdemos o contato, já que seu local trabalho fica próximo a locais muito acessíveis. Ela, quando pequena, não era o padrão de estética, isto é, ela era gordinha. Era tímida, falava pouco, retraída e deixava que nós (crianças malvadas) enganássemos ela. Simplesmente saia chorando, enquanto nós, autoritárias que erámos, apenas continuávamos a brincadeira. Não sei se foi isso que afetou a sua auto-estima. A partir da sua adolescência ela mudou drasticamente. Emagreceu, mudou a forma de vestir, de andar, de falar, trocou de amizades. Tudo isso muito rápido.
Bem, estes dias, percebi que alguém me mirava no ônibus. Olhei. Vi um rosto familiar que sorria. Sorri também, mas ainda não a reconheci. Cabelos longos e negros, sombrancelha falsa, seios descomunais saltando e apertados para aquela blusa tão justa, uma barriga tão magrinha,  e por baixo de muita maquiagem. Um banco vago ao meu lado fez com que ela sentasse perto de mim. E eu atrapalhada, não sabia como reagir: "Quem é ela? Será que ela me confunde com alguém?". Estava longe de resolver estas questões.

- Oiiiiiiiii, Sil! Quanto tempo né, amiga? Como tá? Que tá fazendo? - disse ela.

Reconheci a voz. Era ela. "Como pode ter mudado tanto?" pensei eu. Espero ter disfarçado meu espanto, em todo o caso, eu estava espantada!

- Tu não me reconhece? - disse.
- Claro que sim! - respondi - mas tu mudou muito!

Então ela começou a me contar, desesperadamente, todas as intervenções que tinha feito em seu corpo: tintura e aumento do cabelo, lipo, silicone, cirurgia no nariz, a tal sombrancelha, o queixo... enfim, milhares de mudanças permearam a sua vida. Eram tantas coisas que eu desci do ônibus sem dizer o que estava fazendo, e acho sinceramente que não lhe interessaria.
Ela estava muito mudada, e era visível sua insatisfação perante o próprio corpo.

A partir deste reencontro, refleti muito acerca da própria aceitação, e definitivamente não entendo como alguém pode ter gosto por ser alguém que não o é!
Nossa sociedade é repressora quanto a padrões estéticos e comportamentais, e quem cai nesta rede é peixe para cirurgiões-empresários enriquecerem.

De qualquer forma é importante aceitar-se, e desligar-se do deslumbramento que traz a mídia, para, quem sabe assim, encontrar-se e não ter vergonha do que éramos no passado, sendo este tão essencial para o que somos hoje!

Era isso...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

... e na novela mexicana, sempre tem uma Maria do Bairro!

Algo me tira a paciência: ações que visam gratidão. Agir esperando algo em troca, não é ser legal, ou bonzinho. É ser egoísta! PORRA, não tem vontade de ser legal com determinada pessoa, ou ajudar, não é ser alguém rancoroso... é ser sincero! Pra que ficar apurrinhando meu precioso saco (que eu nem tenho) dizendo que fez isto ou aquilo por mim... Bom... mas se fez deve ter tido uma boa motivação.
A minha impaciência está justamente, na falsa vitimação numa situação dessas!
Não faz sentido agir sem motivação... esperando o pote de ouro no fim do arco-íris! e ainda por cima se vitimizando na situação!

HAJA SACO!